samedi 21 mars 2015

AREIA

Os ventos sopram, num sussurro constante.
Os rios correm, em tumulto. Os mares agitam-se.
Nasce a areia, grão a grão e espalha-se árida,
seca e inóspita, numa incessante sedição.

Na ourela do mar, ondas turbulentas,
feitas de espuma e água,  vêm lavá-la.
Colam-se-me, às solas dos pés nus,
que mais parecem esponjas molhadas, 
conchas esmigalhadas e insuaves;
dispersas em brancos e espessos montículos.

Avanço, lentamente, em direcção às dunas.
A cada passo que dou, uma areia fina e branca
flui e cobre os meus pés; fustiga-me o rosto e
adere à camada de suor que molha a minha pele.

Caminho pacientemente.
Não há maneira de escapar à Lei da areia
e à sua força destrutiva - move-se sem restrições;
tudo dissolve e devora, indistintamente,
com os seus tentáculos macios.
E tudo deixa sem contornos.

Sinto a boca áspera e seca.

Sinto a areia a fluir-me nas veias.

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